segunda-feira, 21 de julho de 2008

A vida propria da arte (Tema de plínio zunica)

Canta a cabeça decepada de Orfeu: “To be or not to be les flours du mal?”, ser rei da Dinamarca ou cadáver em Lesbos, a morte pela lira ou pela loucura é igualmente morrer pela língua afiada da Poesia.

Em esplêndido spleen rompe Rimbaud o coração que versa, pois coração não sangra verso, apenas sangra e do sangue faz-se tinta que tinge a alma de verso. É preciso morrer primeiro, de velhice antes dos trinta, de emboscada antes dos vinte, de fome um pouco por dia, para versar somente depois.

A Mensageira das Violetas violenta a solidão, esta pantera, Bela-flor Espanca a quimera que devora seus Anjos caídos. Brilha Byron na penumbra, pulsa Poe no corvo, o corpo espera o copo que embriaga a mente. O poeta mente. O poeta é um fingidor, diz o português Pessoa, multi-pessoa pastor-árcade-tabacaria-desassossego. É preciso partir-se primeiro para versar somente depois.

Goya goza Cronos devorando filhos, homens destruindo irmãos, burros cavalgando... burros, ora, que seriam além de burros? O colete de Frida Khalo não cala a tinta que delira. Dança Frida, com as pernas atrofiadas de Tolouse, com as putas atrofiadas de Tolouse, dança num Sonho de uma Noite de Verão, queima a cruz com absinto, bebe a não-arte no urinol de Duchamp. Quando queimarem os parnasos, os hereges louvarão: “Also Sprach Zarathustra!” É preciso enlouquecer, matar deus primeiro, para versar somente depois.

A Poesia, sentada na lua, espreguiçando flores, lacrimejando meninas inocentes, esquentando pernas ávidas, fermentando vinhos escuros, move as cordas do títere-poeta. É preciso versar, é preciso morrer, é preciso partir-se, é preciso obedecer. A Poesia, caros irmãos, é uma Imperatriz caprichosa. Poeta-escravo, é preciso viver primeiro. É preciso ser poema, reflexo distorcido, migalha, fragmento da Poesia. A Poesia existe antes de você. A Poesia existe antes do poema. A Poesia existe, o artista não. A Poesia É.

É preciso versar.
É preciso sangrar.
É preciso servir

Plínio zunica
*************************************************************************************


'vida própria, tão imprópria quanto a própria vida.. com a prioridade de ser quem é, derivada de propriedades de todas vidas. toca gestos em vez de acordes, baila cores em vez de sentimento. Vida irônica, Vida breve; finda o jogo núnico sorriso [que quase nunca é alegre] . um som, uma luz, uma palavra e já foi! vida darte? dar-te vida? '


Íria acosta

************************************************************************************



Há arte no cotidiano
Na maneira como nasce o dia,
Feito prólogo ao livro.
O vento em sinfonia tímida, voraz.
As fotografias mentais dos lugares comuns e singularmente belos.
Arquitetura posando de escultura,
Assim como o corpo, em passos coordenados, cria a dança.
Eis que das palavras livres deitadas em um canto qualquer,
Resultam em literatura,
Ou até filosofia sábia e néscia de botequim.
Das mãos que convergem em beijo
Em zelo
Em prosa
Em canto
Nascem as cenas dramáticas do bem-querer
Ou do não querer, ainda que se querendo

Há vida na arte
Seja no cinema mudo de Chaplin
Ou nos extremos de Kubrick ou Fellini
Seja Picasso, Kandinsky, Dalí, Da Vinci, Van Gogh, Portinari.
Residindo na Capela Sistina,
Nos cestos indígenas.
Ao som de Villa-Lobos,
Com a mais bela das letras de Chico.

Há vida na arte de rua
Nos poetas como Drummond
No teatro psicológico de Shakespeare
Registrado pelas poderosas fotografias dos mais estranhos e talentosos desconhecidos
Há energia em Oscar Niemeyer
A vida é a própria arte de viver em e da representação
Gerando um limiar acobreado
Entre o humano pensar e o divino sentir.
Somos todos artistas do presente seguir.


Karla hack
*************************************************************************************



Mulher,mãe e amante;de beleza imortal regozija-se com sua magnitude frente o espelho.
Maldito e aquele que tenta toma-la para si,
Assim como não se adestra um Deus,não há meios de possui-la.
És flor que murcha ao toque.

Ah,bela boémia que se faz ser ouvida nas noites de insónia,
Calando os sons e as coisas do mundo,com tua voz seráfica;
Usando como instrumento o punho de poucos escolhidos.

Abençoados são aqueles que entendem tua vida,
Se nos contempla com tua beleza, e de puro capricho;
Fazendo de tolo aquele que se diz poeta.

Mulher como todas as outras,
Move o mundo ,e leva a loucura
Quem tenta decifra-la

A Arte É Mulher.


Pk
*************************************************************************************

Proximo tema (noites insones -Karla hack)

3 comentários:

Breno de Magalhães disse...

Sim, há vida na arte, tal como há arte na vida.

Unknown disse...

concordo com vc.

íriaacosta disse...

ô eu! fogo no bang ae! tô curiosaaa